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Sobre vender a alma ao diabo

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Algumas conversas privadas nas últimas semanas foram sobre como os homens estão dispostos a vender a alma por um pouco de poder, fama, prestígio, glamour e dinheiro.

Em um mundo onde o politicamente correto reina, muitas ofertas chegam a você de bandeja. Para tê-las, basta você negar ou fingir negar aquilo que você sempre acreditou.

Usei o exemplo de uma figura conhecida que passou anos defendendo determinados valores até a oportunidade de abrir mão de quem é. Hoje ele tem mais fama, mais influência e mais dinheiro, mas o conteúdo que produz em grande parte é lixo.

Isso é vender a alma.

Isso explica a conversão de alguns ao sofismo e ao tipo de mídia água com açúcar que tomou os canais digitais. No mundo do holofote, é o sofista que retém a atenção dos grandes públicos e garante aplausos na velocidade da luz. É o que também dá lucro a curto, médio e longo prazo.

Outro dia um pequeno-tirano tentou me ameaçar com essa tal “cultura do cancelamento” (aliás, essa é uma das coisas mais idiotas que eu já vi). Por não aceitar uma opinião minha, ele cogitou levantar a bandeira para me cancelar nas redes.

Disse a ele que não temo esse tipo de coisa, que só Deus pode me cancelar, e que uma ação como essa no máximo me jogaria no anonimato, o que para mim seria uma bela oportunidade de escolher outro caminho honesto para seguir, sem abrir mão do que eu sou e o que acredito.

Ele sumiu com a mesma velocidade que apareceu. É assim que tem que ser com essa gente. Se você mostra que tem medo, eles se fazem. Toda tirania, seja de opinião ou de governo, é absurda, e só pode ser combatida com coragem e rebeldia.

Ao perceber tudo isso, sem medo de me arrepender, afirmo que prefiro abrir mão da minha popularidade como escritor ou comunicador — que nem é tão grande assim, mas paga minhas contas — a curvar-me aos deuses da modernidade.

Não tenho vergonha de admitir publicamente que ideologia é doença, que todo “ismo” moderno é fruto da distorção da verdade; que tenho profundo respeito pela religião e pela tradição; que zelo pela ideia universal de casamento e família; que defendo abertamente a propriedade privada e que luto pelo direito incondicional à vida desde o feto.

Essa são verdades antigas que não podem ser sufocadas porque a maioria deixou de acreditar nelas. Essa é a minha bandeira, não levantada com militância, mas fincada nos chãos da minha vida.

O escritor Brennan Manning dizia que “não ser outra pessoa a não ser você mesmo, num mundo que, dia e noite, faz todo o possível para que você seja outro, significa travar a mais árdua batalha que um ser humano pode travar.”

Estou disposto a travar essa árdua batalha a me curvar à tirania da opinião, mesmo que isso signifique escrever livros que não vendem, fazer posts que não engajam e falar com as paredes.

Eu poderia apenas tratar sobre temas relacionados a negócios e marketing, ou apenas jogar confetes em forma de posts motivacionais. Isso me daria mais status e mais dinheiro. Entretanto, prefiro seguir com o que acredito e me permitir acordar e dormir sem que os meus filhos tenham motivo para se envergonhar do pai que eles têm.

Não vendo a alma ao diabo — ela já tem dono.

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