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Brasil: terra de homem-massa

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Comentário meu de 2016:

“No Brasil, é fácil ser uma autoridade falsa. Nosso país é um terreno fértil para charlatães.”

Quantos picaretas da Política, da Religião, da Cultura ganharam os holofotes em 2020 e 2021?

Sabe qual é o problema? Grande parte das pessoas permite ser levada por esse tipo de gente. Somos um povo carente de conhecimento, de afeto, de paternidade.

Deixamos que qualquer persona carismática e boa de papo suba em nossos púlpitos, entre em nossas câmaras, tome nossas telas, mexa em nossos bolsos e nos conduza em uma nova dança de ilusões.

Elevamos ao máximo o princípio da Autoridade, não exercemos o poder de discernimento e crítica e acatamos facilmente novas formas de opressão (por isso eu abomino qualquer sistema, seja de caráter político ou religioso, que não permita o livre e respeitoso questionamento).

Enquanto não deixarmos para trás essa tradição de ser capacho — uma espécie de maldição hereditária social — que impede de sermos minimamente independentes, teremos mais como Lula, Witzel, Malafaia, Doria, Macedo, Flor de Lis, Everaldo, Haddad, Boulos, Cabral.

Enquanto não enfiarmos nosso próprio dedo na tomada da sanidade e dermos em nós mesmos um choque de lucidez, continuaremos acentuadamente inclinados a se encaixar no que Ortega e Gasset denomina “Homem-massa”.

O Homem-massa nada tem a ver com classe social ou com grau de instrução. O Homem-massa não é só o pobre e o miserável, mas também o doutor, o empresário, o professor universitário. Existe a classe-média-massa, o pobre-massa, o rico-massa, o intelectual-massa, o artista-massa.

Dominada por uma cultura imagética, descolada da prática reflexiva, essa massa rompe com a transcendência e com a razão, esquece o passado, despreza a tradição e a erudição.

O homem-massa é previamente esvaziado de sua própria história, e sem ligação com o passado, torna-se novamente dócil com seus exploradores, com seus novos opressores. O homem-massa vive para o desejo e para o instinto; crê que só tem direito e acha que não tem obrigações.

O homem-massa desconhece a civilização em que nasceu e em que vive. Com ignorância, falta de conhecimento histórico e baixo nível cultural, é incapaz de resolver seus problemas e volta facilmente à condição de escravo. 

PS.: O conceito de homem-massa pode ser melhor compreendido no livro A Rebelião das Massas, de Ortega & Gasset.

*Esta é uma coluna independente e toda opinião contida nela é de inteira responsabilidade de seu assinante.

1 comentário
  1. […] citei aqui, há uma tendência repetitiva do homem médio de permitir que seja controlado. Mesmo com toda a […]

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